sexta-feira, 13 de junho de 2008

Parapeito


No alto do parapeito o homem está. A cidade lá embaixo, pessoas-formiga, carros-besouro. Tão próximo do céu, tão próximo do chão. É o purgatório... o purgatório de cimento, tão palpável quanto um corpo... da bela e amada mulher que o deixou. Pensa, respira fundo... hesita. No alto de sua cabeça, lembra, lembra, não há a certeza... o céu límpido, sol forte. Pensa na praia e no mar selvagem e de azul profundo, aqueles feriados, ... A lembrança passa. O trabalho o enfadonha, a família já não há, o namoro foi se, as contas estão a pagar. O vento forte em sua face gelado, cortante... o tempo passa e se ouve uma sirene, a massa corpórea aberta, estourada, o sangue mancha o negro asfalto... o céu outrora límpido assim não está, uma tempestade cai e a mulher que o largou... chega ao local do ambíguo ato. Chora, sai... a chuva limpa as marcas, mas o passado não se esquece.

Um comentário:

Anônimo disse...

ver alguém morrer por sua causa deve ser assustador; queira eu nunca ser 'causa mortis'.

e parapeito é sutiã, hahahaha