terça-feira, 7 de abril de 2009

andava por ai, arrogante como sempre, calado como nunca. ia pelas serras de minas gerais, suas curvas mais que tortuosas, seu povo acolhedor e aquele frio serrano na época do inverno... andava, não sabia para onde, não sabia bem o motivo, apenas seguia meu caminho, meio que fugindo do meu negro passado e dos fantasmas que ainda me perseguiam. andava morro acima, morro abaixo, esquerda, direita. então encontro outro viajante, um sujeito com um sotaque bem estranho, parecia português, veio com um papo que não sei o que lá, sou português, vim pro brasil passear e me apaixonei. como sempre faço e todos devem fazer ignorei o sujeito, falando qualquer coisa por cima, pouco me importando com ele, visivelmente mais maduro que eu. então tomo um esporro, desses de gente velha em gente nova e pior fico calado, engulo orgulho, reputação, arrogância e tudo mais para ouvir um sujeito que eu não conhecia, mas me parecia tão parecido comigo... acendo um cigarro enquanto ouço o esporro que deveria ser arrogante e manter minhas convicções, mas deveria ouvir pessoas por nunca saber quem são elas, disse que era igual a mim. engulo tudo e nem retruco direito, conta aos montes suas historinhas luso-brasileiras, mostra desenhos de seus cavalos. depois do início atordoante, cria-se uma admiração, uma coisa irmão mais novo, irmão  mais velho... tiro uma cerveja de algum lugar, acendo um fumo e fico ali com aquele que por um acaso foi o irmão mais velho que nunca tive, mesmo que tenha sido por algumas poucas horas. pessoas parecidas se atraem, não tem outra explicação, só trombo com malucos, bêbados, drogados e viajantes, não existem pessoas normais a minha volta, desculpem-me... mas não existem... ah minhas serras mineiras, meu frio invernal, meu queijo e meu sotaque tão querido.

2 comentários:

Bruno disse...

eu pude sentir o cheiro de Minas, agora...

belo texto, rapaz.
abraço.

Gábis disse...

não me parece que foi você quem escreveu. tá estranho, seu viadinho.