sábado, 9 de agosto de 2008

Ando pelas calçadas esburacadas, melancólico com o mau tempo... chuva, céu cinzento, desamores... acendo o último cigarro do maço debaixo do meu guarda-chuva negro, negro como meu humor e meus pulmões no futuro, não me importo, apenas ando, tentando fugir das poças gigantescas d'água, apenas quero impedir minhas meias de se ensoparem e da sensação de pé molhado.

Observo ao longe e desobservo, continuo andando sem rumo, como sempre quando meu humor não está bom, páro em um buteco qualquer, ao fundo ouço o velho e ruim sertanejo, pra mim, ruim, pros do bar, bom. Finjo escutar apenas ruído, peço apenas mais um maço com um dinheiro qualquer, desentarrado das calças e casacos recém-lavados, não tenho nem como pedir mais... peço apenas a nicotina, o alcatrão. Sim, gasto dinheiro com besteiras, estou mais pobre, com menos saúde e mais feliz. Me julgam, apenas ignoro, sei que faz mal, mas oras, o que mais não faz?

E com essa dúvida na cabeça, minhas roupas pesadas e meus pés úmidos continuo a andar em busca do desconhecido, conhecido. Já passei por lá, mas são os úmidos membros que me levam, não a minha doente cabeça, cantarolo uma canção qualquer: "lá, lá, lá"; a música, a arte, as minhas amizades, a minha solidão, meus vícios e minhas virtudes me fazem feliz...

Que virtudes? Abstraio, deixo isso para os outros, não sei nem ao menos quem sou... além dum fumante, bêbado, (in)feliz... Ando, ando, formam bolhas doloridas, não sinto... já escurece no horizonte... hora de voltar para casa e parar com esses pensamentos tresloucados, hora de me encaixar na sociedade, mais tarde volto a fazer tudo isso, sempre sozinho ou com amigos problemáticos como eu... sempre assim... repetidamente... faço dessa forma para não ser julgado, olharem torto e acharem que perco minha vida desse modo... essa é meu modo de vida, lembre do passado, viva o presente e que se foda o futuro. Tomo um banho e estouro minhas bolhas doloridas, estão lá junto com as marcas de tempo, meus calos, minhas cicatrizes, esse sou eu.

3 comentários:

Anônimo disse...

É nada, puro drama. s2

Barbara disse...

o oposto de virtude é vício. lexicamente falando.

Ana Luiza Gonçalves disse...

Lembrou alguma coisa minha.
;)