quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

Cartas

Cartas não são scraps, cartas não são testimoniais, cartas não são nem e-mails, apesar do nome (traduzido, óbvio, né). E por que existem pessoas que continuam mandando-as, mesmo tendo acesso a todas essas alternativas?

Imagino que a carta tenha toda uma simbologia, por exemplo: convites de casamentos, contas, postais todas chegam por cartas. Amizades postais existem, assim como, hoje, pessoas têm amizades virtuais. O mundo evoluiu muito, muitas mudanças, mas certos hábitos nunca mudam, faz sentido uma velha mandar uma carta, mas, não são apenas essas, que ainda mantém a tradição, alguns jovens tem um apreço especial pelas mesmas. Vai entender, não é?
Confesso que eu tenho uma certa admiração, veneração quem sabe pelas mensagens via correio, cartas de amor (ridículo, como dizia Pessoa), cartas de amigos e, principalmente, pelo histórico de amizades literárias Pessoa e seu amigo Sá-Carneiro, que o informou do suicídio via carta, existe algo mais forte do que isso? Ou a amizade e troca de idéias entre Drummond e Mário de Andrade? Existem outras, muitas outras, mas o Google é meio burro e não ta ajudando na busca, então termino por aqui as referências literárias, por cartas.
O que torna as cartas tão especiais é o jeito intimista de ser, a mensagem é direta, remetente para destinatário e só, não há intermediários. Outro fato, é a mania das pessoas em guardar lembranças e coisas que representa(ra)m alguma coisa pra vida delas, como: a camisinha da primeira transa, as cartinhas da primeira paixão, esse tipo de coisa, que para quem vê de longe é insignificante, mas só quem viveu sabe a razão daquele papel estar guardado. Li no blog Sorvete de Creme com Calda: “Um conselho muito bom é não jogar nada fora. Deixe guardadinho, você pode passar por uma fase ruim algum dia, e querer relembrar alguma característica da pessoa, para que você possa se animar, e caso jogue tudo que ganhou, não há meios de relembrar, certo?!” Faz muito sentido.
E, oras, por que não amigos mandarem cartas? Por que não demonstrar a eles o quão são especiais, mas não por depoimentos, e sim, por algo concreto que eles possam guardar. Fica a sugestão.

Um comentário:

Barbara disse...

descobri hoje que preciso fazer uma caixa de madeira maior, minhas cartas recebidas não cabem mais na caixa de antigamente.