sábado, 12 de janeiro de 2008

Esporte, superação, ...

Eu tinha outros planos para esse post, mas... não posso deixar de mostrar isso, mesmo que eu não tenha leitores, quero ter a certeza que pelo menos eu terei esse texto guardado, retirado do Rebote, mais especificamente desse texto aqui, é emocionante pra caralho, vou deixar a tradução na íntegra e o vídeo do discurso, porque se tem uma coisa que me emociona é o esporte e o que ele traz pros homens e a superação, esse homem junta tudo isso.


Tradução: Gustavo de Oliveira

Muito obrigado. Obrigado.

Essa foi a visão mais baixa que já tive de Dick Vitale desde que o dono do Detroit Pistons me ligou e pediu para ele se tornar comentarista.

Obrigado.

Eu não posso expressar a honra que eu sinto por ter recebido o prêmio Arthur Ashe.

Esse com certeza será um tesouro que vou guardar para sempre.

Mas como eu dizia no tape... e olha não tenho um desses teleprompters, então eu vou falar por mais tempo do que todos os outros falaram hoje a noite. É isso ai.

O tempo é uma coisa muito preciosa pra mim, eu não sei quanto tempo ainda me resta,
Mas eu tenho várias coisas pra dizer e espero que, no fim, eu tenha alguma coisa que vai ser importante pra muita gente também.

Mas não tenho o que fazer, hoje eu luto contra o câncer. Todo mundo sabe disso.

As pessoas me perguntam o tempo todo como eu lido com a minha vida, como eu vivo meu dia-a-dia, e nada mudou pra mim.

Como o Dick falou, eu sou um cara muito emotivo, muito entusiasmado e não tenho o que fazer porque assim é o filho de Rocco e Angelina Valvano.

A gente se abraça, se beija, se ama.

E as pessoas me perguntam como eu vivo cada dia. Pra mim existem três coisas que a gente deve fazer todos os dias. Se a gente fizesse isso todos os dias das nossas vidas, que bom seria.

Em primeiro lugar: rir. Você deve rir todos os dias. Número dois é pensar. Você deve pensar todos os dias. E número três é deixar suas emoções se converterem em lágrimas seja de tristeza ou felicidade.

Pense nisso: se você rir, pensar e chorar, será um dia completo. Um dia maravilhoso. Se você fizer isso sete dias por semana, você vai viver algo especial.

Eu desenvolvi um plano junto com o meu amigo Mike Krzyzewski, aqui presente, meu grande amigo e técnico maravilhoso. As pessoas não sabem que ele é uma pessoa dez vezes melhor do que técnico e todo mundo sabe que ele é um grande técnico, ele significou muito pra mim nesses últimos cinco, seis meses.

Mas quando eu olho para o Mike, lembro que a gente competiu um contra o outro, como jogadores, e eu fui técnico contra ele por 15 anos.

O que eu acho importante pra mim é saber onde você começa, onde você está e onde estará. Essas são as três coisas que eu tento fazer todos os dias.

E toda vez que eu vou fazer um discurso eu não deixo de recordar o primeiro discurso que eu dei. Eu era técnico dos calouros da Universidade de Rutgers, era meu primeiro emprego.

Maravilha. Eu estava tão entusiasmado no meu primeiro emprego que vocês devem saber como é seu primeiro emprego como técnico, você quer estar lá no vestiário pra fazer o discurso da preleção.

O vestiário é um lugar especial para um técnico fazer um discurso. Então, meu ídolo como técnico era Vince Lombardi e eu li o livro dele “Comprometimento com a excelência”.

No livro, Lombardi fala sobre o primeiro discurso que ele teve que fazer frente ao Green Bay Packers, e eu li, e o Lombardi pensava “Será que eu falo muito? Será que eu falo pouco? Mas vou ter que mexer com eles, vou ser curto”.

Aí ele fez assim: geralmente ele chegava ao vestiário 25, 30 minutos antes dos jogadores, não sei ao certo, antes de entrar em campo pra fazer aquele discurso que todos nós fazemos.

Discurso #84, você fala e todo mundo se sente preparado. Seria o primeiro discurso da minha vida, e eu li o que o Lombardi fez.

Lombardi não entrou no vestiário, ele esperou. O time se perguntando “Cadê o cara? Onde é que está esse grande técnico?” Ele esperou. Dez minutos antes do jogo, ele ainda não está lá...

Três minutos antes do jogo, Lombardi vai lá abre a porta com brutalidade, e eu imagino que vocês se lembrem da grande presença que ele tinha.

Ele entrou e começou a andar assim, pra um lado e pro outro, olhando os jogadores.

Ele disse “Todos olhando para mim”, e eu estava lendo isso no livro e ao mesmo tempo imaginando essa grande cena.

Ele disse “Cavalheiros, nós seremos um sucesso este ano. Vocês vão focar em três coisas e três coisas apenas: sua família, sua religião e o GREEN BAY PACKERS!”

E aí foi aquela agitação, os jogadores batendo nas paredes, e o resto é história. Eu pensei comigo: “Isso é lindo, sua família, sua religião e o basquete de Rutgers... é isso, já tenho o discurso”

Vejam só: eu tinha 21 anos, as crianças das quais eu era técnico tinham 19, ok? E eu vou ser o maior técnico do mundo, o próximo Lombardi...

Pessoal me falando, você tem que entrar, e eu “ainda não”, e eu praticava fora do vestiário: “família, religião, basquetebol de Rutgers... todos olhando para mim... ok ok vai dar certo”.

Aí me deram o toque de três minutos, isso aconteceu mesmo, eu vou arrebentar a porta... BOOM! Ai, que dor. Eu quase quebrei meu braço porque não abriu. E os jogadores estão me olhando “alguém ajuda o professor”.

Aí eu fiz igual o Lombardi, eu andei pros lados, e eu andava assim por causa do braço, até que eu falei “Cavalheiros, todos olhando para mim”. Eles loucos pra jogar, porque só tinham 19! Vamos nessa!

Eu disse “Cavalheiros, nós seremos um sucesso esse ano se vocês puderem focar em três coisas e três coisas apenas: sua família! Sua religião! E O GREEN BAY PACKERS!” eu falei... eu fiz isso, eu lembro...

Eu me lembro de tudo, é muito importante lembrar onde você está e pensar onde você quer chegar.

Eu penso que você tem que ter um entusiasmo pela vida, você tem que ter um sonho, um objetivo, alguma coisa que você se empenhe.

Eu falo da minha família, porque pra mim a família é muito importante. Eu encontro coragem na minha esposa Pam, minhas três filhas, Nicole, Jamie e Lee, na minha mãe que está aqui também.

E aquela telinha ali está piscando a cada três segundos agora e está me deixando preocupado. Eu tenho tumores por todo o meu corpo e eu estou preocupado com um cara piscando ali pra mim que eu só tenho 30 segundos.

Eu só tenho mais uma coisa que eu desejo a todos vocês, todos vocês: aproveitem suas vidas, seus momentos, passem os dias com risadas, pensamentos, deixem as emoções fluir.

Tenham entusiasmo todos os dias porque sem entusiasmo você não consegue nada, mantenha seus sonhos vivos, apesar de seus problemas, quaisquer sejam. Você vai ter que dar duro para que seus sonhos se realizem.

Eu me vejo agora e eu sei o que eu quero fazer. O que eu quero é aproveitar o tempo que me resta e dar um pouco mais de esperança para os outros.

Fundações são coisas maravilhosas. Eu sei que pra Aids, existem fundações por aí, pode não ser suficiente, mas significa muito. Mas e se eu disser que eles têm 10 vezes mais dinheiro do que o destinado para a pesquisa do câncer, e que pelo menos 500 mil pessoas vão morrer de câncer esse ano, e de cada quatro pessoas uma terá essa doença.

Por alguma razão a questão foi colocada um pouco de lado, mas eu quero trazer de volta à pauta. Nós precisamos de sua ajuda, eu preciso de sua ajuda, nós precisamos de dinheiro para a pesquisa.

Isso não vai salvar a minha vida, mas pode ser que salve a vida das minhas filhas, pode ser que salve a vida de alguém que você ame e isso é muito importante.

A ESPN foi muito gentil de me dar apoio no meu empenho e me permitiu que eu anunciasse esta noite o apoio deles, o dinheiro, os dólares deles que serão usados pra criar a Fundação Jimmy V de pesquisa do câncer.

Ainda não terminei. Nunca desistam, nunca desistam mesmo. É isso que eu vou fazer em cada minuto que me resta, eu vou agradecer a Deus pelo meu dia, pelos momentos que eu tive, e se você me vir, sorria, quem sabe você me abrace porque isso é importante pra mim também.

Mas se você puder, tente dar apoio a fundações de Aids ou câncer para, quem sabe, alguém sobreviver, prosperar e quem sabe se curar dessas terríveis doenças.

Eu não poderia agradecer à ESPN o suficiente para que isso tudo acontecesse, eu vou trabalhar o máximo que eu puder pela pesquisa do câncer para, quem sabe, um dia surgir essa cura.

Eu vou lutar contra o meu cérebro para que eu possa estar aqui ano que vem, porque eu pretendo entregar o prêmio Arthur Ashe ano que vem.

Eu sei que eu tenho que ir, mas eu tenho uma coisa pra dizer que eu já disse antes, mas eu quero dizer de novo.

O câncer pode tirar de mim todas as minhas habilidades físicas. Mas ele não pode tocar o meu coração, a minha mente e a minha alma. Essas três coisas eu vou carregar para sempre.

Eu agradeço a presença de vocês. Deus os abençoe.

= = =

Jimmy Valvano morreu um mês depois deste discurso.

3 comentários:

singela nostalgia · disse...

não comoveu, desculpa!

Nobody Go. disse...

sabia que não ia comover, este discurso entra no universo masculino das coisas.

Anônimo disse...

Disse tudo, Go...

Eu estou comovido...

É tipo o mesmo motivo pq a maioria das mulheres não entendem a graça naquele gol nos 5 minutos finais e a emoção do final do jogo ou ainda aquela jogada espetacular q ngm esperava.

Pois é.

Eu tô comovido.