Na janela as gotas molham. Do outro lado da rua, a luz acesa no apartamento de sempre. O notívago escreve sem parar... o faminto come sem gula... o tarado assiste o 3º pornô seguido... o viciado enfileira a 4ª carreira de coca... o bêbado pede a 5ª branquinha...
A 400 metros do apê a balada rola solta, meninas se beijam, os olhares atravessam o salão. A 1000 metros, a boca-de-fumo está cheia apesar dos pesares de uma segunda-feira. A 1600 metros, o ônibus acelera na Cerro corá. A 2000 metros, um velho morre de ataque cardíaco. A 3000 metros, a marginal está cheia, mesmo sendo 2 horas da manhã. A 5000 metros, o mendigo se aninha no seu cobertor. A 10 km, o menino estuda depois de um dia de trabalho. A 20 km, o macaco sobe em mais uma árvore. A 50 km, o galo ainda não canta. A 100 km, quase chega Minas Gerais. A 1000 km, estamos no Espírito Santo. A 10000 km, desconfio que conseguimos atravessar o lugar por onde Che e Fidel fizeram sua revolução. A 400000 km, chegamos a lua. E a vida segue, como sempre seguiu... apenas mais um dia qualquer. Uma madrugada qualquer...
... e amanhã, o notívago não durmirá, o sem fome não comerá, o tarado comerá, o viciado procurará e o bêbado cairá. Mas é apenas mais um dia. A vida continua, como sempre... dia após dia.
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2 comentários:
esse texto tem um dos meus passatempos preferidos: adivinhar a vida que não está comigo, mas está à minha volta.
Você me deprime!
E pedante é a senhora sua avó.
Hmpft.
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